Decisões difíceis, mas necessárias

Existem momentos em que temos que fazer escolhas e tomar decisões que sabemos que vão alterar o rumo da nossa vida, como até então a conhecíamos. E temos que o fazer, mesmo sem conhecer ao certo o destino final, mas sabendo perfeitamente que no momento presente, não está a funcionar, e que são poucas as hipóteses de nos levar onde queremos.

Quer seja a nível de rotinas, alimentação, trabalho, enfrentar medos, lidar com inseguranças e, até selecionar quem entra, sai ou fica na nossa vida. Isto porque se vai iniciar um processo que implica uma série de alterações fraturantes e estruturais à forma como nos organizamos em todos os pilares da vida.

E isto assusta claro. É sair da zona de conforto e desconforto ao mesmo tempo. Se a zona de conforto já não nos acrescenta mais, é preciso assumir a incerteza de um futuro ainda melhor. É normal querer crescer, evoluir e sentir que existem novas possibilidades.

É preciso mais sabedoria e maturidade em saber quando parar, quando deixar de insistir em algo que não tem reparação.

É preciso mais sabedoria e maturidade para entender que podemos andar à procura de um reflexo de nós, e o temos identificado em espelhos que também estão partidos.

É preciso mais sabedoria e maturidade para resistir ao imediato e conseguir descartá-lo, por mais apelativo que seja no momento. Um alimento prazeroso, uma relação pontual ou não agir para fazer o que deve ser feito. O nosso cérebro evoluiu para obter o máximo de prazer, conforto e evitar a dor, sempre com o mínimo de esforço.

E neste processo de tentativa e erro, podemos experienciar o nosso melhor, e também o nosso pior. Dependendo de cada pessoa, o problema das coisas boas no imediato, é que podem servir como ponto de referência para comparar todas as experiências futuras. Se não formos observadores e conscientes do processo, iremos ter uma recaída na procura de um prazer imediato.

Se tivermos capacidade para analisar antecipadamente o possível resultado das coisas, provavelmente não tínhamos tomado muitas decisões na nossa vida. Mas é necessário passar por isso, se aprendermos a lição. E sabemos bem que, provavelmente os piores momentos da nossa vida foram provocadas por escolhas puramente emocionais. Podem ter sido fabulosas, mas não podemos viver apenas com base nas memórias.

A memória não serve para nos lembrar do passado, mas sim para  tirar do passado experiências e lições, tanto para lidar com o presente, como para preparar o futuro.

O que eu quero dizer com isto é que devemos viver a vida ao máximo, mas com a aceitação de que tudo é impermanente, o bom e o mau.

E que por isso, poderá ser necessário abdicar de algumas coisas no momento, para ter um vida fantástica, mas em paz.  Com respeito pela nossa saúde física e emocional, pelas pessoas que amamos e nos querem bem, pela sociedade e planeta.

Podemos realmente fazer a diferença, dentro e fora de nós, se para isso dirigirmos o foco. 

Não podemos mudar a direção do vento, mas podemos ajustar as velas no rumo que pretendemos.

Cora L. V. Hatch

 

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